sábado, 10 de janeiro de 2015

Beijinhos Milagosos


Filha, 
No alto dos teus dezoito meses, trapalhona que só tu, minuto sim, minuto sim, bates com a cabeça na mesa, magoas a mão num brinquedo maroto, tropeças e feres o joelho. Podia ser uma chatice, podias chorar que nem uma Maria Madalena arrependida, mas tu, tu fazes diferente (e igual a todas as crianças deste Mundo fora. Aposto!). Tu levantas-te, e corres para a mãe ou para o pai a pedir um beijinho. E aos vinte sete anos, eu que já não acreditava em super heróis, assumo o papel de um e encho-te de beijinhos cheios de amor, um amor curandeiro, que se transforma num pó mágico, igual aquele que transformou a abóbora da Cinderela, numa linda carruagem, só para te apaziguar a dor. 


Se o génio da lâmpada me concedesse três desejos, este seria um deles. Adorava que pudesse ser sempre assim. Adorava ter este poder único e tão maravilhoso, esta magia de curar todas as tuas mágoas, todas as tuas feridas. Mas, sei por experiência própria, que não vai ser assim para sempre. Vais crescer, os beijinhos da mãe e do pai vão ser sempre especiais, vão sempre acalmar a tua dor, mas não vão curar todas elas. 

Por isso, enquanto não cresces mais do que a conta, enquanto os nossos beijinhos ainda são o teu porto de abrigo e a cura para todos os males, aproveitamos todos estes momentos e com a maior das alegrias somos os teus super heróis, até que tu deixes que assim seja. 

Com amor, com muito amor...





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